Durante
muito tempo eu participei da vida das pessoas como plateia e nunca como
coadjuvante, observando, sorrindo ou chorando. Muitas dessas vezes eu até
participei muito mais que vendo em uma tela de televisão ou cinema, registrando
esses momentos em uma profissão que eu tinha escolhido na adolescência que era
a arte de fotografar.
Eu
era uma criança que se emocionou pela primeira vez na vida com a história
infantil: o patinho feio, que sonhava em ganhar uma bicicleta no natal com a
ilusão que Papai Noel existia, e que no comercial de TV quando pedia para
escrever em pedaços de papel a frase “não esqueça a minha Caloi”, eu o fazia e distribuía
por toda a casa com a ilusão que um dia ganharia esse na noite de natal. Frustrei-me
durante anos, mas tinha o meu consolo, um travesseiro com pena de ganso, que
depois foi substituído por outro de penas de galinha, presente esse que minha
mãe havia ganhado de uma amiga para dar para o filho que ela ia ter. Ela havia
bordado uma “pata” na fronha e era o meu consolo quando eu chorava.
Eu
resumia a minha vida apenas em sonhos e poucas realizações e como muita gente
por aí, sonhava em ser um artista de televisão, mas eu era tímido e diante de
sofrer tanto preconceito na infância por conta do meu exagerado estrabismo, mas
consegui superar, depois de ter feito teatro e ainda ter operado por várias
vezes para fazer a correção.
Estudei
fotografia, trabalhei em estúdios fotográficos, passei em Concursos públicos
para trabalhar como fotografo ou laboratorista, cheguei a ter uma empresa com estúdio
próprio, dei aulas, workshops e até fui jurado de concursos, mas me afastei do
oficio diante dessa tecnologia que apaga ilusões e sonhos.
No
meio desse caminho eu era um adolescente difícil, pois gostava muito de ouvir
rádio, participar ao vivo falando com o locutor e pedindo músicas ou enviando
mensagens. Eu era muito criticado pelo fato de ficar muito no telefone falando
com pessoas que nem conhecia pessoalmente e que do outro lado do aparelho
diziam que eu tinha uma voz bonita e que eu podia ser locutor. Quantas vezes eu
me via recitando poesias que escrevia para essas pessoas, alimentando um sonho
que eu tinha que era escrever um livro e ter um programa de rádio para ler meus
sentimentos.
Eu
era apaixonado pela vida, sonhador, idealista e muitas vezes até político
diante de minha face crítica diante do que acontecia na sociedade.
O
meu imediatismo me fazia tropeçar em minhas dificuldades. Eu estudava somente o
que era de meu interesse e tinha apenas a média escolar para concluir o ano
letivo, e que, por algumas vezes fui reprovado.
Mas
tudo isso nunca interessou a ninguém. Eu via a possibilidade de executar alguma
coisa e eu não media esforços e fazia. Quantas vezes me estrepei com isso,
incentivando pessoas que, depois que aprendiam como se fazia, se afastavam e
criavam suas coisas.
Eu
nem sei por que estou escrevendo isso no meu blog, mas vale o desabafo. Eu
queria muito contar mais e mais, mas não tenho o público certo para ficar lendo
minhas besteiras. Deve ser a insônia que todo internauta sente.
Nem sei se devo continuar...
Mas deixo aqui registrado.
Mas deixo aqui registrado.